É #FAKE que Drauzio Varella diz em vídeo que vacina da dengue é transgênica, altera o DNA e provoca câncer

É #FAKE que Drauzio Varella diz em vídeo que vacina da dengue é transgênica, altera o DNA e provoca câncer

Mensagem falsa usa vídeo adulterado do médico e faz parecer que ele endossa legendas mentirosas. O conteúdo é igualmente falso: as vacinas não são transgênicas, não alteram o DNA e não causam câncer.

Circula nas redes sociais um vídeo que mostra o médico Drauzio Varella falando sobre a vacina contra a dengue. O vídeo é acompanhado de legendas que dizem: “A vacina da dengue é transgênica, altera o DNA e causa câncer”, “Veneno OGM: organismo geneticamente modificado” e “Vacina Qdenga transgênica. Perigo“. É #FAKE.

 — Foto: g1

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Não é verdade que Drauzio Varella endosse o conteúdo das legendas falsas. “Claro que não. Imagina. Esse povo usa meu nome quando quer falar essas mentiras. Infelizmente não há defesa contra isso”, disse o médico ao Fato ou Fake, por telefone.

Também não é verdade que a vacina contra a dengue seja transgênica, altere o DNA e cause câncer. Tampouco que seja um veneno.

O vídeo que mostra Drauzio Varella em meio às legendas falsas é uma versão editada, encurtada e deturpada do vídeo original —este publicado no canal oficial do médico. Em nenhum momento as declarações de Drauzio Varella corroboram ou se alinham com o conteúdo das legendas falsas.

No vídeo original, Drauzio diz que:

  • a vacina tem condição de fazer a prevenção contra a dengue
  • é capaz de proteger contra os quatro sorotipos da dengue
  • é muito importante que as pessoas se vacinem
  • com seis milhões de doses, é possível proteger 3 milhões de brasileiros
  • é fundamental que as pessoas se vacinem
  • a vacina pode ser aplicada dos 4 aos 60 anos
  • um esforço internacional enorme permitiu que se obtivesse uma vacina que vem sendo procurada há muitos anos
  • a vacina foi testada, é segura e deve ser usada

 

Questionada sobre as alegações falsas contidas na mensagem viral, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) assegura que “a vacina contra dengue, assim como todas as vacinas aprovadas no Brasil, cumpriu com todos os requisitos para demonstração de eficácias, segurança e qualidade.”

“A demonstração da eficácia da Qdenga tem suporte principalmente nos resultados de um estudo de larga escala, estudo de fase 3, randomizado e controlado por placebo, conduzido em países endêmicos para dengue com o objetivo de avaliar a eficácia, a segurança e a imunogenicidade da vacina. A vacina segue sujeita ao monitoramento de eventos adversos, por meio de ações de farmacovigilância sob a responsabilidade da empresa”, diz a Anvisa.

O Fato ou Fake também consultou uma especialista:

“Nenhuma vacina altera o DNA. Isso é bem importante deixar claro”, diz Letícia Sarturi, farmacêutica, mestre em imunologia pela Universidade de São Paulo (USP), doutora em biociências e fisiopatologia pela Universidade Estadual de Maringá (UEM) e pesquisadora no Centro de Estudos SoU_Ciência da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). “Mesmo que se use a tecnologia do DNA recombinante ou qualquer outra tecnologia que use ferramentas de biotecnologia, não há alteração do DNA por vacinação. “

“Todas essas ferramentas são usadas para produzir o que vai estar dentro da vacina, mas o que está dentro da vacina é usado para provocar nosso sistema imune. Depois que isso provoca o nosso sistema imune —que os antígenos vacinais provocam o nosso sistema imune— esses antígenos vacinais vão ser depurados do organismo, vão ser destruídos, e com essa destruição isso é eliminado do nosso corpo. Então, a gente não tem nenhuma tecnologia vacinal que altere o nosso DNA”, diz.

A pesquisadora lembra que o uso das ferramentas de biotecnologia na vacinação já ocorre há muitos anos, com segurança.

“A gente já sabe muito sobre essa segurança. A gente já sabe que são tecnologias seguras e elas seguem sendo usadas porque são tecnologias eficazes em permitir que a gente tenha hoje diferentes medicamentos e vacinas para poder proteger a gente de doenças infecciosas, para poder permitir tratamentos inovadores. A biotecnologia, toda essa tecnologia de DNA recombinante já vem sendo usada há muito tempo e isso não tem nenhum indício, não há nenhuma evidência de que altere o DNA.”

Como é feita a Qdenga

 

Sarturi explica que o vírus da dengue tem quatro tipos. O que se faz nessa vacina Qdenga é usar o arcabouço do vírus da dengue tipo 2 para inserir material genético para produzir as proteínas de superfície de todos os sorotipos do vírus.

A tecnologia do DNA recombinante só foi usada para conseguir criar o material genético com todas as proteínas que precisam ser expressas na superfície do vírus, que precisam ser mostradas do lado de fora do vírus.

“É uma tecnologia boa, que nos permite conseguir, finalmente, por meio de uma vacina, ter a imunidade para nos proteger contra a dengue. Essas tecnologias já são usadas e estudadas há décadas”, diz Sarturi.

As alegações contidas nas legendas falsas são recorrentes no movimento antivacina e já foram desmentidas pelo Fato ou Fake quando usadas para atacar os imunizantes contra a Covid-19. Veja exemplos:

É #FAKE que Drauzio Varella diz que vacina da dengue é transgênica, altera o DNA e provoca câncer — Foto: Reprodução

É #FAKE que Drauzio Varella diz que vacina da dengue é transgênica, altera o DNA e provoca câncer — Foto: Reprodução

Fonte: G1

By: miradouronoticias.com.br

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